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Postado no RLS em 13/04/2011


As suas mãos pareciam mil mãos percorrendo meu corpo.
Eu me contorcia, arrepiava. Tentava entre os espasmos devolver um terço da sensação que me consumia como o fogo consome a brasa. Sentia-me estranha, entorpecida pelo aroma que fluía dos seus poros. A agonia de viver aquele momento foi aos poucos se dissipando em gemidos e gritos, que se elevavam à medida que nossos corpos se chocavam.
Eu provava o sabor de tua boca, que permanecia silenciosa, dispondo, é claro, os instantes em que suspiros condensados por momentos você deixava escapar.
Em mim, o desejo e o prazer já estavam salientes, à flor da pele. Eu não conseguia abrir os olhos nem desatar o laço que meus braços fizeram em volta do seu pescoço. Estava tremula e não me sentia capaz de usar da foca racional que me equilibra o corpo. Todavia uma força selvagem de tão instintiva me possuía em descontrole.
Senti um leve frio na barriga e num ato de puro egoísmo, esqueci de ti em mim; todas as lembranças se tornaram um quadro branco ao meu redor e o calafrio se fez um impulso forte que se expandiu do meu coração a cada partícula extrema do meu corpo. Me senti anestesiada, drogada, por fim em êxtase.
Nem percebi que quase desmaiei em teus braços no epíteto da loucura que me fragmentou num urro. Nem tampouco vi o prazer estampado na tua cara. O mundo ainda girava e eu não sentia minhas pernas – ou talvez fosse o chão. Só me dei conta de mim quando caí na gargalhada com teu toque, tal qual era a sensibilidade com meu ser àquele instante.


 

 

Luan SIlva