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Postado no RLS em 12/11/2011


De Whitney Houston à Adele, vamos sempre amar incondicionalmente e pela validade eterna.

Duas divas de ritmos diferentes, com músicas que foram auges em épocas diferentes, mas com a mesma densa e incansável história: o grande amor que não dá certo. De um lado, Houston, sua célebre interpretação de uma música da década de 70 e um filme retratando o amor de uma cantora por seu guarda-costas. Do outro Adele, seu drama particular que é espelho para o drama de 80% das 7 bilhões de pessoas no mundo e sua maneira única de fazer a música ser mais que uma música.

 

“I Will Always Love You” foi considerado um dos singles femininos mais bem sucedidos da história e a 6ª musica de maior sucesso de todos os tempos. Não é pra menos. O filme “O Guarda-Costas”, do qual a música é trilha sonora, é um clássico para os apaixonados em romances e a vida que Whitney deu à composição de Dolly Parton (em 1973) é única e responsável pelas maiores enchentes de lágrimas daqueles que sofrem de dor de cotovelos.

Lembro que assisti o filme ainda quando era criança. Ele foi gravado quando eu tinha apenas 1 ano de idade, então o que era novidade pra mim já era uma nostalgia absurda para os outros. Na época, obviamente, eu não sacava nada de inglês, mas ainda assim fico surpreso porque esta foi uma das primeira musicas que romperam as barreiras da língua e da compreensão e se codificaram de maneira única em minha mente. Acho também que foi com ela que aprendi o que “I Love You” significava.

Mas enfim… Naquela época, eu também não sabia o que era amar como Parton soube, Whitney interpretou. Mas eu já estava um tantinho ciente quando Adele reviveu o sentimento em “Someone Like You”, a musica romântica mais ouvida dos últimos tempos.

 

Adele se tornou pra mim o exemplo perfeito da cartáse coletiva quando fez seu álbum “21” e o divulgou para o mundo. Porque pra ela não bastou sofrer o fim do seu relacionamento e escrever uma obra prima sobre ele, ela queria que as outras pessoas que ouvissem sua voz fizessem o mesmo que ela, ou seja, se deformassem em lágrimas. A música da britânica é simples. A melodia ao piano é única, sem muitas elevações, sem muitos acordes, sem nada de especial. Lembra uma das músicas de legião Urbana, só que ainda mais “monótonas”. O que encanta, o que fez “S.L.Y.” se destacar foi o espetáculo da voz de Adele. Ela não canta, ela não versa, ela não fala, ela não orquestra… Ninguém sabe o que raios ela fez naquele momento em que ela decidiu modelar sua voz na letra que ela mesma compôs. Apenas sabemos que ela tornou palpável a história da música, fez surgir os semblantes da garota que não supera o seu amor e o cara que seguiu em frente. Ela fez surgir em cada refrão memórias únicas e impenetráveis de cada pessoa que já amou e deixou este amor seguir seu caminho. Ela se tornou maestra da dor, mas também evocou a superação. Ela foi única e deixou àqueles que nuca amaram um leve gostinho do que é realmente amar.

Amar. Um desses tais verbos transitivos ou intransitivos… Tanto faz! O verbo e sua semântica para a língua não são capazes de comportar o real significado da palavra. Nossa própria compreensão passa longe do que por um segundo, alguns dias, ou décadas e bodas das mais diversas se transcreve em uma relação a dois.

O Amor e suas diversas formas de ser ainda são a maior busca, perdição e maior felicidade dos seres humanos. Porém, a mais comum é aquela faceta de dois que querem ser um. Aquela face que nos trouxe a inspiração para os romances mais trágicos, mais belos, mais reais e surreais que povoaram nossa mente com uma mitologia amorosa cheia de sapos, príncipes, princesas, promessas eternas, magia do beijo e o sagrado “felizes para sempre”.

Não há ninguém que não busque no olhar do outro aquela sensação (…)

Sim… Esta mesma que você possivelmente já imaginou.

Há seres que quando finalmente encontram esta sensação, com ela um brilho no olhar, um sorriso, um carinho e a mais perfeita relação. Aquela relação que se fosse filme colocaria o Titanic por água abaixo de novo. Você o(a) ama. Ela(e) a(o) ama. Vocês juntos passam pelas brigas, momentos ruins, passam pelos sorrisos e as perfeitas noites íntimas. Passam por tudo o que poderiam aguentar e aguentaram, mas num instante, de uma hora pra outra, tudo se desfaz. Assim… Como num piscar de olhos.

E você se arrepende de ter encarado àqueles olhos sedutores, você se arrepende de ter dado corpo, alma, coração e toda a sua vida àquela relação. E você quebra, você queima, você morre. Todavia, depois dos cinco estágios da dor (Negação e Isolamento, Raiva, Negociação, Depressão e Aceitação), depois da sua morte espiritual, emocional e tudo mais, algo daqueles instantes insiste em perdurar. O amor que você sentiu, não se desfez assim tão fácil. Ele pode ter se recolhido à sua insignificância, feito à linha Bela Adormecida e tirado um bom cochilo, mas ele continuou lá intacto como um diamante.

E neste momento, cabe a você encará-lo da melhor forma possível.

Levante a bandeira branca, você não vai esquecer a pessoa que você amou. E dependendo do motivo da separação, não importa quantas pessoas vão passar na sua vida dali pra frente, ninguém vai superá-la. Se você ama realmente, deixe este amor liberto, deixe-se livre. Ame a pessoa da única maneira que lhe restou amar, pelas lembranças. Ofereça a ela o único carinho que lhe restou ofertar. Rompa as barreiras do que você compreende ser amor e ame quem quer que seja a pessoa da maneira mais sutil, todavia, completa (e não digo que é satisfatória) que você pode.

E é neste ponto que as duas músicas se encontram.

“Te amo, mas pode seguir seu caminho… Continuarei te amando, mas ainda assim seja feliz, realizado e completo onde, como e com quem quer que esteja. E quanto a mim? Eu vou ficar bem… Acredite.”

Creio que esta seja a maneira mais madura de se amar. Independente se o amor foi correspondido ou não. Independente se valeu a pena ou não. Creio que esta seja a maneira mais madura de amar porque ama o outro sem condições. E é difícil, é doloroso, fere nossa vaidade, orgulho e tudo o que nos resta. Isto nos frustra, nos assusta, nos faz sentirmos incapazes de amar de novo. Deixa-nos ocupados de uma desesperança que eu, particularmente, ainda não superei… Mas é maduro, é puro, nobre e incondicional amar desta maneira.

Queria do fundo do coração terminar este post de maneira mais “alegre”, mais “esperançosa”. Mas a realidade é que este tipo de amor realmente dói. Não chega a nos matar (de novo) nem é uma causa justa pra o suicídio, no entanto… É uma cicatriz frágil, que precisa de cuidado, proteção pra que não se abra novamente. O jeito é esperar o próximo álbum da Adele e ver se ela superou mesmo. Ou ouvir uma das outras musicas mais alegres e esperançosas da Whitney ou das tantas outras que cantam semelhantes formas de amor entre essas duas décadas. Ou isso… Ou encontrar alguém como àquele que nós iremos amar pra sempre.

Editado minutos depois de escrever o texto:

Não é que encontrei uma forma mais bela de terminar este texto?
“Diga-me que você abriu seus olhos!”

http://www.youtube.com/watch?v=rj3ufR2QIrU


 

Luan Silva