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Postado no RLS em 30/04/2010


São sim, o fogo do desejo somado ao fogo do instinto mais primitivo do ser que resultam no mais derradeiro prazer, um renascimento nas forças, uma luz que renova tudo em nosso ser. Uma equação matemática, um pouco racional demais diante da impulsividade dos Fogos de Bel.

São sim o momento mais puro em que a Deusa em seu universo vazio desejou e obteve o melhor e mais completo dos amantes o e amou como a si mesma e juntos numa ritualística transa, que também era dança, que também era a criação eles geraram o tudo.
Os Fogos de Beltane são sim o desejo que faz o homem recorrer ao sexo solitário quando sua carne não suporta desejar sozinho outra. É sim a vontade com a qual alguém saboreia o alimento dos prazeres: o chocolate. Ou desfruta de um simples momento bom, com a palavra chave, que tanto está ligada ao Beltane, prazer.

Mas será que o momento de ápice entre os Deuses é apenas isso, uma gozada fenomenal com direito a uma gravidez prometida em que logo em seguida não significa mais nada, até o próximo ritual. Será que o Grandioso Beltane é apenas uma orgia grupal como foram nos templos gregos, nos círculos de pedras celtas e nas ilhas nehallenicas? Será que este momento tão precioso realmente só o auge de um desejo de que as sementes plantadas sejam fertilizadas com boa chuva, ou bom clima para que floresçam fortes e em abundância?

Sim, sabe-se bem que o Beltane é o momento de descoberta em que a Deusa virgem se entrega ao Deus caçador, sabe-se bem que ambos descobrem ali o prazer, o outro sexo, descobrem cada ponto seu e no outro que lhe dá prazer. Juntos conhecem mais uma vez a famosa sensação de pequena morte que o gozo trás aos corpos suados, excitados e cheios de tesão num atrito rítmico.
Mas hoje, vi que o Beltane não é só isso. Como tudo na vida, não analisamos os meios, mas sim os fins deste poderoso ritual e perdemos o que é realmente importante… Como por exemplo:

Beltane é o medo… Medo da Deusa jovem de se entregar ao Cornudo das florestas, o medo do Cornudo de não satisfazer sua prometida, de caçá-la, obtê-la e na hora não saber o que fazer.

Beltane é a coragem… A coragem que faz ambos, por meio da paixão que inconscientemente tomou o corpo e a mente dos Deuses, se encararem num único e eterno momento, que ficou gravado em cada coisa bela deste universo em que eles não são nada mais que a essência de tudo o que existe, eles são um o complemento do outro e mais do que desejar, eles precisam se amar, pois é da natureza deles, é do instinto, é do coração. O Beltane é a coragem de se ser o que é sem medo, sem tabus, sem nada mais do que a própria verdade do que se é.

Beltane é a liberdade… É a bela Deusa largando seu vestido branco sobre as plantas rasteiras e o Deus fálico mostrando seu desejo por aquele corpo. É o desprendimento de culpa, é o querer e poder, é o ser e estar, é se libertar das amarras sociais de hoje em dia, dos pensamentos do amanhã, dos planos que insistimos em fazer para naquele momento ser quem você é. Um ser sem limites, uma alma sem restrições, uma essência sem tamanho, o infinito e a plenitude das coisas.

Beltane é o companheirismo… Aquele sentimento que nos liga a pessoas que nunca imaginamos. Chamado também de afinidade, são idéias iguais, pensamentos que se completam, que se encaixam, sentimentos que se anulam, ou preenchem lacunas. É o aprender a viver a dois, aprendendo a viver a um. É compreender que o seu prazer é tão importante para o outro quanto o dele deve ser pra você. É acreditar que naquele momento, mesmo que pó um segundo, que você nasceu para estar ali, que você trilhou sua vida toda para estar ao lado daquele ser, naquele instante vivendo aquele momento e saber intimamente que a pessoa pensa o mesmo. É confiar sem medo nos toques, na audácia, na retração e nos instintos do corpo levado pela emoção de estar junto. É ver nos olhos de quem se ama naquele momento que tudo que está nele é o que você desejou para sua vida e tudo o que esta em você também é o que esta pessoa também desejou.

É também a individualidade. É o ser sozinho, o desejo pelo erotismo, por coisas avessas, indiferentes, únicas e desconexas. É o desejo pela loucura, é a loucura é tudo aquilo que um momento de surto e desespero pode causar numa pessoa, da melhor forma e da maneia mais divina que se pode viver tais momentos. É o desejo por nada ao mesmo tempo que é o desejo por tudo. É o período de seca, o momento em que o feio vira bonito e não importa quem seja ou o que tenha a lhe oferecer, está valendo. É o se conhecer, saber cada detalhe do seu ser, é o se amar, se desejar, saber valorizar cada partícula do seu corpo. Saber que não importa quem ou onde, mas não só uma, mas várias pessoas desejam você sem nem saber, ou já sabendo. O Beltane é saber os seus limites e restrições e na hora do vamos ver deixar todos eles fora da cama, se possível bem longe do quarto.

Beltane é o preparativo… Muito vermelho, lembrando o amor, muita comida afrodisíaca, são velas acesas, musica envolvente, véus e mistério. Uma luz apagada para dar um clima mais sexy. Uma dança, uma massagem, um jogo, uma simples perversão, ou uma troca de olhares seguida de um riso por achar que tudo aquilo foi exagero, que ambos só necessitam de um ao outro pra se amarem de um jeito que ninguém mais vai amar a outro alguém.

Enfim… Beltane é Amor. É o justo momento em que a Deusa cansou de ser sozinha e decidiu amar. É o momento em que nada mais importa porque o tudo vai começar a partir de agora, pois você achou alguém compatível. É o romantismo, cavalheirismo, é a sedução, são as brincadeiras do casal. O se conhecer e conhecer o outro a ponto de não precisar mais do toque, e nem mesmo do olhar que os uniu pela primeira vez pra saber que estão conectados para todo o sempre. Não é o esperar pra sempre, é apenas o registrar na história do mundo que não importa o que veio depois, por um dia, um mês, um ano ou um milênio. Você fez alguém a Deusa de sua vida e foi o Deus da vida dela. E este amor gerou, se não o universo, um mundo novo para duas pessoas. É o amor incondicional que os cristãos prezam, mas bem mais completo com direito a tudo o que a força do Amor realmente pode criar.

É o momento derradeiro que uma alma nasceu para viver e que só depois de vivê-lo, repeti-lo e gravá-lo em sua essência é que poderá morrer. Os Fogos de Beltane, são a origem, o meio e o fim da vida. São uma metáfora para a realidade do que é se apaixonar, não só por outra pessoa, mas por si mesmo, pela vida, por um amigo, ela família, por um ideal e tantas outras coisas. Os Fogos de Beltane são o declarar para o mundo quem ou o que se ama e provar isso não com o simples ato do sexo, mas com a mais completa entrega, o mais profundo mergulho no abismo divino do caos e o encontro com a ordem, o segredo, a sabedoria e a essência de todas as cores.

Os Fogos de Beltane são isso… Um simples ritual, um simples entendimento de tudo o que nos rodeia e norteia a nossa vida.