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Postado no RLS em 02/02/2012 


Cresci em meio ao Candomblé. Logo os primeiros Deuses Naturais que me vi cultuar foi Ogum, Xangô, Iemanjá, Oxum, Iansã e todos os Orixás. Desde os meus pequenos anos de idade fazia ofertas e oferendas a alguns dos tantos cultuados ao longo do ano no terreiro que meus pais freqüentavam. Minha mãe tem como “santo de cabeça” a própria Rainha do Mar. E segundo vários pais-de-santo essa “regência” me foi passada.

Não duvido. Por mais que eu adore muito Oxum, é com Iemanjá que eu sinto as vibrações mais tênues. Foi com Ela, que há poucos minutos, num momento de adoração e oferenda por entre as ondas do mar eu senti uma benção pesada e purificadora sobre meu corpo como se uma onda espiritual tivesse levado todas as minhas angústias, tristezas e lamúrias.

Senti naquele instante que iria ser seu “cavalo” e a representaria no mundo. Seria uma honra. Seria um momento mais que mágico. Ser incorporado pelo espírito do mar.

 

Claro que aproveitei o momento e também fiz uma prece à Ran, Rainha do Mar Wanen. Não senti ciúme, não senti angústia em honrar uma faceta da minha Senhora das Sombras. Pelo contrário, o mar quente me abraçou, me chamou para um banho, me presenteou com uma benção à luz da lua crescente.

Foi lindo.

Filha de Olokun, Iemanjá nasceu nas águas. Teve três filhos: Ogum, Oxossi e Exu.
Conta a lenda que Ogum, o guerreiro, filho mais velho, partiu para as suas conquistas; Oxossi, que se encantara pela floresta, fez dela a sua morada e lá permaneceu, caçando; e Exu, o filho problemático, saiu pela mundo.
Sozinha Iemanjá vivia, mas sabia que seus filhos seguiam seus destino e que não podia interferir na vida deles, já que os três eram adultos.
Comentava consigo mesma:
– Ogum nasceu para conquistar. É bravo, corajoso, impetuoso. Jamais poderia viver num lugar só. Ele nasceu para conhecer estradas, conquistar terras, nasceu para ser livre. Exu, que tantos problemas já me deu, nasceu para conhecer o mundo e dos três é o mais inconstante, sempre preparado surpresas; imprevisível, astuto, capaz de fazer o impossível, também nasceu para conhecer o mundo. Oxossi, meu querido caçula, bem que tentei prendê-lo a mim, mas no fundo sabia que teria seu destino. Ele é alegre, ativo, inquieto. Gosta de ver coisas belas, de admirar o que é bonito e é um grande caçador. Nasceu para conhecer o mundo também e não poderia segurá-lo…
Iemanjá estava perdida em seus pensamentos quando viu que, ao longe, alguém se aproximava. Firmou a vista e identificou-o: era Exu, seu filho, que retornara depois de tanto tempo ausente. Já perto de seu mãe, Exu saudou-a e comentou:
– Mãe, andei pelo mundo mas não encontrei beleza igual à sua. Na conheci ninguém que se comparasse a você!
– O que está dizendo, filho? Eu não entendo!
– O que quero dizer é que você é a única mulher que me encanta e que voltei para lhe possuir, pois é a única coisa que me falta fazer neste mundo!
E sem ouvir a resposta de sua mãe, Exu tomou-lhe à força, tentando violentá-la. Uma grande luta se deu, pois Iemanjá não poderia admitir jamais aquilo que estava acontecendo. Bravamente, resistiu às investidas do filho que, na luta, dilacerou os seis da mãe. Enlouquecido e arrependido pelo que fez, Exu “caiu no mundo”, sumindo no horizonte.
Caída ao chão, Iemanjá entre a dor, a vergonha, a tristeza e a pena que teve pela atitude do filho, pediu socorro ao pai Olokun e ao Criador, Olorun. E, dos seus seios dilacerados, a água, salgada como a lágrima, foi saindo, dando origem aos mares.
Exu, pela atitude má, foi banido para sempre da mesa dos Orixás, tendo como incumbência eterna ser o guardião, não podendo juntar-se aos outros, na corte.
Iemanjá que, deste modo, deu origem ao mar, procurou entender a atitude do filho, pois ela é a mãe verdadeira e considerada a mãe não só de Ogum, Exu e Oxossi, mas de todo o panteão dos Orixás.

Dados

Dia: sábado;

Data: 2 de fevereiro;

Metal: prata e prateados;

Cor: branco transparente;

Partes do corpo: cabeça (inconsciente e equilibro mental), cérebro (comanda o corpo);

Comida: epo de milho branco, manjar branco com leite de coco e açúcar, acaçá, peixe de água salgada, bolo de arroz, mamão.

Arquétipo: voluntariosos, fortes, rigorosos, protetores, altivos e algumas vezes, impetuosos e arrogantes. Têm sentido de hierarquia, fazem-se respeitar, são justos e formais. Põem à prova as amizades que lhe são devotadas, custam muito a perdoar uma ofensa e, se perdoam, não esquecem jamais. Preocupam-se com os outros, são maternais e sérios. Sem possuírem a vaidade de Oxum, gostam do luxo, das fazendas azuis e vistosas, das jóias caras. Tem tendência a vida suntuosa, mesmo se as possibilidades não lhes permitem tal falso.
Símbolo: abebê branco.

Fonte:http://dofonodelogum.sites.uol.com.br/iemanja.html


Luan Silva