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Por um instante, a luz tênue doabajur, em cima damesma mesinha onde o vinho envenenado se derramara, se apagou. Eu fechei os olhos e me entreguei à escuridão do quarto, depois das pálpebras. Havia um corpo sobre minha cama, havia sangue no meu chão e mais corpos pelos demais cômodos da casa.
Vacilei em me levantar da velha cadeira de carvalho, mas ela ainda me chamava, com o mesmo desespero que ele morreu. Ainda trêmula revendo a cena da morte do assassino, eu coloquei forças nas pernas bambas e me levantei.
– Já vou, Gina! Já vou!
Corri escorregando pelas poças de sangue, vi o corpo de Gerry e senti como se uma faca tivesse sido cravada em meu peito. Desci as escadas sem tocar no corrimão evitando me sujar de mais sangue. E lá estava Gina, tão ensangüentada quanto eu, olhando para o corpo e roupas manchadas de um rubro forte e vivo. Joguei-me em seus braços e chorei como louca pela morte de todos. Até que acordei.
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Os lençóis de seda estavam já grudados em meu corpo por conta do excesso de suor. Aquilo me incomodava profundamente, me dava uma ânsia uma vontade de gritar e sair correndo, mas a preguiça me deixava ainda presa nas pilastras da minha cama. Abri os olhos lentamente e o quarto ainda estava escuro, mas por detrás das cortinas uma luz insistia em adentrar.
Já era a terceira ou quarta vez que eu tinha o mesmo sonho. Mesmas cenas, mesmos rostos, mesma quantidade de sangue. Comentei isto com Don Felipe, já que o mesmo iria para a guerra, ele disse que era apenas uma impressão minha ou medo que o meu noivo não voltasse são e salvo dos pontos de concentração. Mas intimamente eu sabia que o meu sonho nada tinha a ver com isso. Até porque nem era de suma importância que ele voltasse.
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